Transposição de útero vira esperança para mulheres com câncer que desejam engravidar no RS
03/04/2024
Realizada pela primeira vez há nove anos, técnica preserva órgãos reprodutivos. Porto Alegre fez o primeiro procedimento neste ano. Saúde em Dia: Esperança para mulheres com câncer e querem engravidar
Sonhar com a maternidade se tornou uma possibilidade para mulheres no Rio Grande do Sul, que passarão pelo tratamento de radioterapia. A técnica de transposição de útero – que busca preservar o órgão de células malignas – foi realizada no dia 26 de fevereiro, na Santa Casa de Porto Alegre. A realocação do órgão da paciente está previsto para o dia 11 de abril.
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Como funciona
Técnica é realizada pela primeira vez no Estado
Reprodução/RBS TV
O médico oncologista Reitan Ribeiro, que realizou a cirurgia pela primeira vez, há nove anos, afirma que o útero é realocado da região da pelve para a parte de cima do abdômen. Os vasos sanguíneos sustentam o órgão durante o período da radioterapia.
Após, é colocado de volta no lugar e funciona normalmente junto aos ovários. O profissional afirma que a cirurgia já foi aplicada nos Estados Unidos, Israel, Inglaterra, França, Espanha e Alemanha, sendo improvável estimar um número de procedimentos hoje.
Pioneirismo
Uma das primeiras pacientes é a maquiadora gaúcha Carem Santos. Em 2018, ela enfrentou uma série de quatro tumores seguidos, dentre os quais na região da pélvis. Isso poderia deixá-la infértil caso não fizesse o procedimento.
Na ocasião, Carem viajou a Curitiba, onde realizou a cirurgia, e hoje é mãe do Nicolas, de dois anos, que é o primeiro brasileiro nascido por transposição.
Transposição preserva órgãos reprodutivos durante o tratamento
Reprodução/RBS TV
‘‘A radiação poderia afetar meu útero e minhas trompas. E eu jamais poderia ser mãe. Acabou se tornando (meu sonho) naquele momento, quando me falaram da possibilidade de não ser mãe. Então ali eu vi que queria ser mãe no futuro, com certeza’’, afirma.
Histórico
A primeira cirurgia do tipo foi realizada em 2015, com a paciente Francielle Boarão, que tinha 26 anos na época. A equipe havia prometido 60% de chance de ser mãe, o que se concretizou. Com a repercussão, médicos de outros países vieram ao Brasil para aprender sobre o procedimento.